quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Quando o ano novo acordar


 
 
 
 
 
 
 
Temos milhões de oportunidades de como enxergar a vida, tanto quanto milhões de vidas humanas existem neste planeta. Cada ser humano é uma ótica pessoal sobre como se dá o fenômeno da existência. Isso vale tanto para uma questão biológica, física, quanto para uma questão espiritual.
 
 
 
Além de cada um de nós ser uma versão íntima da realidade, também podemos, cada um, ter diversos momentos de reflexão e mudança de opinião sobre o mundo e sobre nós mesmos.
Assim como o movimento da Terra gera o vento, nossa forma de ser e ver a vida alcança a rota do Universo e pelo infinito vai polinizando nossa eterna possibilidade de compreender quem ou o que é o mundo.
O mundo começa a existir a partir do momento em que nós assumimos nossa própria existência.
A mente se dilui, nubla-se, evapora-se, torna-se o espaço onde apenas luz e vácuo convivem.

 
 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Ainda temos...







 


 

 
 

... um pouco de água
língua ávida
poucos remorsos

Ainda temos
alguma ternura
um cálice a beber
coisas que se quebraram
em nossas mãos
quando esquecíamos
a porta aberta
e nossas almas
trancadas no porão


Ainda temos
um pouco de lembrança
infinito na memória
gritos primais
ritos diante dos olhos
mesmo que já
não sejam mais


Ainda temos
um pouco de nós mesmos
nossa própria espécie
nossa próxima
lembrança

Só não sabemos
quem somos
diante do que seremos

Um dia
poderemos dizer
se somos História
ou apenas
um par de ouvidos
serenos
cochilando
uma longa memória

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Esse outro olhar...











... quando encontra o meu
é mais do que um olhar
mais do que uma forma

É um olhar entre
o que chamo
de “o lado de lá”
e o que amo
do lado de cá

Este outro olhar
é mais estético

É um olhar
ético

Diante do que sou
é muito mais
do que pensam
que sou

O que penso
é mais honesto
do que pensam
quando estou
no rumor dos pastos
no clamor dos rios

Este outro olhar
é o que de mim emana
como chama
de qualquer rancor
em ruínas e cinzas

É o meu olhar
verdadeiro
Por inteiro atravesso
o mundo
Quando este olhar
invade o meu
e faz de mim
o olho
de um observatório

Em meu universo
interior
peregrino
se ainda houver
mistério

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Sorria – II












Nunca perderás o sorriso

A noite escura

guarda em suas vestes
estrelas e pirilampos
no céu da boca

Nenhum sorriso
se perderá à toa
depois que, aberto,
entoar todas as canções
entre as horas do horizonte

O dia nublado
olha cabisbaixo
quando sorris

Cidades e campos
sem tua língua
gritam como uma fera
Tentam calar
a mansidão irmã
da fé que nos habita

O sorriso
é o silêncio canhoto
Neste mundo
de tanto barulho
destro

domingo, 27 de dezembro de 2015

Sorria... - I











... se há vontade de sorrir
pra sempre
desde o instante
em que chorou
pela primeira vez
seu cheiro de mãe

Então, chore
Chore de passagem
Viagem e céu
Chuva de verão

Fértil em gritos
Romance
Íris em ritos

Líquido entre tantos
Globo ocular
Globo terrestre

Sorria,
Porque você pode perder seus dentes
Pode esquecer seus parentes
Pode iludir as sementes
Pode o tempo ser eloquente
E a vida passar
como passa um arco-íris:

Lindo, lindo, lindo,
Mas apenas por um instante
Sendo sol e chuva
Quem amamos
E quem amávamos
Quem sonhamos
E quem sonhávamos

Sorria!

sábado, 26 de dezembro de 2015

O mundo ao olhar

















Tem o olhar que não quer ver.
Tem o olhar que quer ver mas não enxerga.
Tem o olhar que enxerga mas finge que não.
Tem o olhar do “não” que quer dizer “sim”.
Tem olhar do mundo sobre nós:
é um reflexo nosso sobre o mundo.

Enfim,
há tantos olhares
quanto há momentos no mundo

E o que é o mundo aqui entre nós?

O mundo somos nós,
até o nosso livre arbítrio universal
nos reserva o direito
de querer olhar de um jeito ou de outro,
procurando-se enquadrar
de um jeito específico e particular
de sentir-se “mundial”.

Como tudo que existe,
o nosso olhar também se fragmenta
a cada instante em que olha,
em que vê,
em que mira
e, principalmente,
quando se vê
olhado por si mesmo.

Assim é nossa condição humana
no estágio atual em que nos encontramos.

Queiramos ou não,
somos apenas pequenas interpretações pessoais
de todo um Universo vasto, profundo e...
tão íntimo de nós.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Feliz Noel ao Papai Natal
que trazemos dentro de nós











Quando eu era criança diziam que Papai Noel existia, mas eu não acreditava que fosse preciso “acreditar” para saber que ele existia, porque todo dia Papai Noel me vinha pelo beijo de minha mãe, pelo abraço de minha família, pelas brincadeiras de meus colegas.

Sim, Papai Noel sempre esteve comigo e eu não me preocupava se ele existia ou não, porque ele sempre vinha andando na minha bicicleta ou firme pela mão de meu pai. E eu não acreditava só porque via: sentia tudo que ele sentia e sabia que tudo era possível, porque Papai Noel existia, tanto na noite de Natal quanto em todas as outras noites e dias!


Sim, eu sempre via Papai Noel, mesmo se me dissessem que ele não existia, porque era ele como um pai que, em sã consciência, me acolhia, e que – por realmente existir – me fazia ter certeza de que eu também existia.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Ninguém deve ter medo...















... de sonhar

sonhar acordado
ou sonhar dormindo

todo sonho é sagrado
seja freudiano
ou indiano

todo sonho sangrado
nos diz
o que não queremos
viver
o que não podemos
viver
o que não sentimos
viver

Ninguém deve ter medo
De sonhar
Sendo um cão uivando
Ou o chão revirando
Algum canto
Vira lata
Vira mata
Vira à cata
De qualquer coisa
Que seja um sonho

Muito embora
Nosso sonho
Possa ser tão real
Que, por tanto,
Pode deixar a realidade
à mercê
de nosso sonho


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015


A chuva e o sol em mim
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eu tiro as minhas mais sensatas conclusões sobre as coisas da vida, quando estou caminhando debaixo do sol. não sei se é um fenômeno químico que ocorre com o cérebro ou um fenômeno típico de forças sobrenaturais, mas o sol equilibra com perfeição os pensamentos que coabitam com minhas intuições. o sol alinha-se em mim como uma seta que aponta para onde deve ir o que quero de melhor para mim, sob o ponto de vista da razão 

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minhas intuições refrescam-se e afloram sensivelmente quando a chuva cai sobre meus sentimentos. alguma coisa líquida faz da água que vem do céu uma razão de ser para eu intuir com determinação e sem medo sobre os próximos passos a serem dados em minha vida. não sei se acontece porque nuvens se encontram ou o vapor dos mares ascende, não sei! sinto apenas que a minha língua fala pelos poros permeados por essas mãos líquidas

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

 Os cabelos compridos...











... desta manhã
não alcançam o chão
lambem também
as vértebras
de cada um de nós

cada fio de cabelo
adorna, imenso, os átomos
em temas de som

somos assim
fios

entrelaçamo-nos
frios
conquistamo-nos
quentes

vasos de plantas
sorrindo
risos em escamas
nadando

vazios
de poucos planos
cheios
na certeza viva
dos enganos

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Nunca fique de costas...


R$ 25,00 (Correio incluso) ano 1 editora



















... para o mar

o mar tem segredos
tanto como têm
os nossos medos

o mar possui momentos
que exigem nosso olhar
deitar sobre a areia
nossa memória última

Nunca fique de costas
Para qualquer paisagem
Deixe os muros
Ensimesmarem-se rígidos
A paisagem
Mostra sua sensualidade
Quando exige
A atenção de nossa íris

Nunca fique de costas
Para o infinito
Esteja de que lado estiver
Este infinito

Some-se a isso
Que o princípio
De todo infinito
Está aqui

Tudo
Que em nós
Nos compromete
Também
Também nos permite
Um sonho

domingo, 20 de dezembro de 2015

São poemas...










... são só poemas
(o que poderia responder
um poeta
em meio aos carros
e motocicletas?)


Os poetas
Nunca estão a sós
Com o mundo
Nem isolam-se
Em si mesmos

Os poetas
São só poemas
E poemas
É o que mais se vê

Se você abre
Os caminhos livres
Com as mãos
Que nunca perde
o toque
e reconhece
qualquer amor
E a caneta
Que nunca perde
a tinta
E reconhece
qualquer cor

sábado, 19 de dezembro de 2015

O sacrifício da casca...

R$ 25,00 (correio incluso) ano 1 editora


... dá à banana
a cor branca do corpo
Como céu aberto
após a chuva


O sacrifício da casca
dá ao ovo
A dor branda
da luz em circuito
após o escuro
do coito


O sacrifício do casulo
dá à borboleta
A flor como alimento
Pão e vinho
Após o sonho
cansado

O sacrifício do corpo
dá à alma
O odor humano
da eternidade
Sol e amor

Se de sol e amor
foi feito o corpo
de quem foi embora
não em vão
em voo

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Aos que virão – II


clique aqui - Bertold Brecht


... estar vivo
agora em que respiro
sem temer o ar
onde eu digo que moro
sem me perder
em qualquer lugar

Não valeria um centavo
cada papel moeda
que guardo no bolso
outrora furado
por balas
ou bilhetes rasgados

Nem um passo a mais
Valeria pela caminhada
Que faço livre

Se em cada um
Destes momentos
(Que já foram futuro
E hoje erguem
As taças do presente)
Eu não percebesse
A presença dos que se foram
De forma brutal
E lutaram
Como se fosse carnaval
Tamanha a emoção
De doar suas vidas
Para que escorra
O suor das novas gerações

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Não basta abrir a boca




Seja pra dentista
Seja pra mulher amada
Seja às surpresas

Tem-se que abrir
O coração
Órgão em delírio
Não reconhece máscaras
Mesmo no carnaval

Tem-se que deixar
O sorriso
Descer pelo rosto
Como naves espaciais
Contornam a Terra
Em busca apenas
Do próprio olhar

Tem-se, enfim,
Que amar todo início
De cada alegria
Jamais perder o fio
Da meada
De quem te ensinou
Algum dia
Em algum lugar
Para sorrir
Não há mistério

Eu apenas sorrio
E não deixo ninguém
Descolorir meu sonho
Ninguém pode
Por mim
O que só eu
Devo

Sorrir...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Caminho para o fim...




... depois do começo
mais ainda:
depois do recomeço
mais ainda:
depois do que não reconheço
mais ainda:
depois do que não peço
mais ainda:
depois de algum tropeço
mais ainda:
depois do que arremesso
mais ainda:
longe do meu endereço

o fim é uma pétala
de algo que apenas se vê
o fim é algo como argolas
atadas ao vento
das águas
de todo “sim”

todo muro curva-se
diante da erva
que dita membranas
por entre o que há
em nós todos
e o que não há
(fora disso)
em lugar nenhum

Fim e infinito
É neurônio
Célula humana

Ambos são Um
Quando são rebanhos
Entre sonhos
E raros ninhos
De estrelas novas
Buracos estranhos

Não sei de onde venho
Não sabemos onde estamos
Precisamos ser quem amamos
O fruto de quem
Sentimos iluminados
Pelas raízes das galáxias
mais diante de nós



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Às vezes me pergunto...


R$ 25,00 (correio incluso)


... qual o sentido da chuva
E sei que não há resposta

A chuva tem seu próprio
Sentido
Tem sua própria vida
Enquanto parte
Da terra
Enquanto arte
Que encarna
O chão
O coração
E a canção mais
Derradeira
com sua água
e festa

Qual o sentido
Dessa madrugada úmida
E por que temos de dar
Um sentido
Para as coisas inumanas,
Se nós mesmos
Temos dúvida
Sobre o sentido
Do que somos,
Enquanto vivos,
Ou do que seremos,
Quando lá chegarmos?

A chuva responde
pelo silêncio de seus olhos
Que deixam no ar
Uma razão líquida
Que permeia
Nossos sentimentos
Quando delineiam nuvens
Que avisam coisas
Que irão nos molhar
de eternidade

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

O coração...


OSCAR WILDE: grande espírito inteligente e sensível

... não reconhece o tempo

nunca criaram escolas
para ele
as faculdades existem
apenas
para validar razões

O coração
Não guarda-se
Em um lugar qualquer
Que não seja
Em outro coração

Não há lugar
Para ele
Onde a falta de luz
Das cidades
Deixam os espíritos
Livres
Longe de suas
Amarguras
Urbanas

domingo, 13 de dezembro de 2015

São só poemas...



Nada mais que poemas
Nada que um poema
Não possa traduzir
Em versos
Ou reduzir
Em Universos
Tudo que não tem ferrugem
Tudo que é viagem
Movimento
Quente,
ardente e
inconstante momento

sábado, 12 de dezembro de 2015

Plânctons...



Tal qual Cacaso
E o sapo
Que entrou em suas botas
Quando andava
Não por aqui
Nem por ali
Mas em qualquer lugar,

Eu reclamo:

Que ousadia
Destas mariposas
Assaltam a luz
Do meu quarto
Como se abrissem
Manhãs
Em cada uma
De suas asas
Totalmente
À minha revelia!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A vida existe...


CANDEIA
Especialista em capoeira e samba (em uma das suas mais
legítimas e desafiadoras expressões: o Partido Alto)


... pela forma como a identificamos pelo nosso olhar, e o nosso olhar naturalmente está ligado ao que está acontecendo dentro de nós. Assim, pela própria lógica do raciocínio (mesmo que o raciocínio tenha nos levado – ou está nos levando – a tantas guerras) temos diante desse VÍDEO duas “visões”: uma, que a música é de CANDEIA, não de Cartola, assim como esse arranjo incrível em fagote deu um ar de eternidade a esta procura do poeta por si mesmo; outra, que a felicidade ou a... (uau, “felicidade” não tem antônimo na língua portuguesa, a não ser se inserirmos o prefixo “in”...).

A recepção, ideológica ou não, é de cada um que ouve ou vê o poema do CANDEIA.


A partir desta obra prima conclui-se que não há regimento, não há condicionamento, pouco há que expresse melhor o sofrimento humano, de forma não acomodada, como quem quer seguir seu caminho, independentemente de ser o que se é ou que a sociedade queira que seja.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Se você dá um beijo...


1 exemplar = R$ 25,00 (correio incluso)


... isso é um ato de carinho

Se você dá teu desejo
Isso é um ato de sexo

Se você apenas dá
Isso é um ato de abnegação

Se você dá uma flor
Isso é um ato de fé

Se você dá um pão
Isso é um ato solidário

Se você dá um caminho
Isso é um ato de compreensão

Se você dá sua vida
Isso é um ato de desapego

Se você dá uns trocados
Isso é um ato de misericórdia

Se você dá o silêncio
Isso é um ato de respeito

Se você dá um voto
Isso é um ato político

Se você dá um nome
Isso é um ato de segurança

Se você dá um toque
Isso é um ato de cumplicidade

Se você dá um discurso
Isso é ato e atitude

Se você dá um sonho
Isso é esperança

Todos estes atos
precisam de teu corpo
e de tua alma

Se houver separação
Haverá rompimento

Com rompimento
A (dis)associação
entre o ser
e o Ser.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Falo pelo papel



1 exemplar = R$ 25,00 (correio incluso)


Ave no céu da boca
Peito de pombo
Bico de colibri
No pinga-pinga
Da bica

Flor de andar por aí
Assoviar para andorinhas
Peixes-espada
Empunhando-se a si
Cobras e lagartos
Alimentando-se
Sol a sol

Cadeia alimentar
Em grades abertas
Ao sal da vida

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Chilros de raízes...



... voam pelo céu da boca
Cravam-se no chão
Acariciam em som
A nascente de grãos
Que se dispersam
Em tons de amargura
Ou puro entusiasmo

Plantas, flores, árvores...
Todas sabem disso
Sabem que o sol
Promove uma ciranda
Entre raízes
e relâmpagos
Entre o que é feliz
Ou não

O chilro
é um som agudo
Não sereno,
estridente
Como deve ser
A harmonia das danças
De pé no chão
E mãos remexendo o ar

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Um poema precisa...




... de flores, frutos
e desarvoramento humano

Deve buscar sentidos
Até onde os sentimentos
colhidos entre pedras
assustam-se
como se fossem
meros pensamentos

Pode estar no alambique
No moinho, na casa
No ar venenoso
Ou curativo
Que todos respiram
A cada ano

De suas vidas

domingo, 6 de dezembro de 2015

Um poema só aparece...



... quando algo ou alguém
planta raízes
no papel ou no chão
depois do vento
dissipar as notícias
da cidade
possuir as árvores
beber sua seiva
e se calar


(até a próxima tempestade)