quinta-feira, 31 de março de 2016

De barcos e pássaros











Melhor seguir
Os barcos
Que enfrentam os ventos
E os rios
E se recusam
Às corredeiras do medo

Melhor viver,
Como os pássaros
Que, ao contrário
Dos aviões,
Aterrissam no infinito
E lá
Renovam seus bicos
Como os gaviões

Caminhar juntos é uma forma de construir uma nova realidade.
Tem uma mesa na Biblioteca Parque Estadual esperando por nós.
(21) 9 9682 8364 - joaodeabreu9@gmail.com - 47 anos de experiência

quarta-feira, 30 de março de 2016

Para Sérgio Sampaio, Fernando Pessoa e Caetano Veloso













Na minha rua
Na minha aldeia
Na minha alma

passou um bloco
passou  um sonho
passou um rio

nenhum passa
em nenhum outro
lugar do mundo

além de dentro
além do centro
além do encontro

[eu acredito,
tal como eles,
que tudo se passa]
em mim

Caminhar juntos é uma forma de construir uma nova realidade.
Tem uma mesa na Biblioteca Parque Estadual esperando por nossas mãos.
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terça-feira, 29 de março de 2016

Terceirirrigação

academiadeprofissões.com.br











Voltei a comer de colher
A olhar o mar à distância
Sem pisar os pés na areia

Voltei a pensar duas vezes
Talvez três

Estou caminhando
Mais devagar

Aos poucos
É como eu vejo
Todos os horizontes

Comendo pelas bordas
O mingau até fica mais gostoso

Mas nem eu mesmo sei
Exatamente
A dimensão das coisas
De quem primeiro
Vê o mundo
Por dentro
E depois de si

Sim,
Olhar o mundo
Por fora
Mesmo que o vento
Mude de direção
Sem nosso consentimento
E segui-Lo!



Caminhar juntos é uma forma de construir uma nova realidade.
Tem uma mesa na Biblioteca Parque Estadual esperando por nós.
(21) 9 9682-8364  -  joaodeabreu9@gmail.com

segunda-feira, 28 de março de 2016

Maria Olinda



Ela tanto chorou
Que cresceu rápido

A menina
Que descia a rua
Com medo do mundo
Achando que a escola
Seria (ou é)
O próprio medo do mundo
Cresceu rápido

Hoje
Aprendeu a abrir
As portas
E suas possibilidades
Para crescer
Além de tudo
Que há na rua
Onde nasceu

Ela tanto chorou
Enquanto criança
Que aprendeu a sorrir
Na adolescência
Cresceu como se fosse
Um pedaço de chão
Que se abriu
Como o coração
De quem
Se ama com
Ou sem perdão



Caminhar juntos é uma forma de construir uma nova realidade.
Ligue pra mim, vamos colocar a literatura olhos nos olhos.
(21) 9 9682-8364

domingo, 27 de março de 2016

Da solidão...










... pode advir o silêncio
Do silêncio
A perspectiva futura
Do que ainda não veio

Sem solidão
Sem silêncio
Como ouvir o pensamento
do Universo?

Como ouvir
A fluidez das estrelas
O ruminar dos meteoros
A fome dos oprimidos
A insônia dos capitalizados
Sem pedir licença
Ao Universo
Que nos habita
Como silêncio
E solidão?



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(TODAS ETAPAS EXERCIDAS POR MIM MESMO!

SEM PATRÃO - SEM EMPREGADO)

sábado, 26 de março de 2016

Olho...















... e escuto a luz
Sobre todas as coisas

Escuto
Como quem lança
Um olhar sobre o reflexo
Do céu sobre a terra

Relâmpagos
Assustam apenas
Aos que se apegam
às suas próprias
limitações

Luz
Que não há em ninguém
Nem em nenhum
Catavento

Olho
O que há de mais
Em mim
O que há de sempre
De tanto
De tudo
O que parece "mais"

Escuto
O que grita em meu silêncio
A audiência infinita
Da ciência
Da filosofia
Da religião

Olho
E escuto em triângulo
O gargalo geométrico
Das garrafas vazias
Que me eleva
Às mãos de Einstein
E companhias
Ilimitadas



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(TODAS ETAPAS EXERCIDAS POR MIM MESMO!
SEM PATRÃO - SEM EMPREGADO)

sexta-feira, 25 de março de 2016

Tudo que resta em nós...

amenteemaravilhosa.com.br















... (se ainda resta
e se ainda restaremos)
pode durar anos e anos
muitos nós
muitos desatados
outros não

Mas a vida é assim
Em especial
A vida de quem
A gente acha
Que é o nosso fim
E no entanto
A cada dia
Sempre recomeça

Em ti
Em mim

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(TODAS ESSAS PROFISSÕES EXERCIDAS POR MIM MESMO!)

quinta-feira, 24 de março de 2016

Por que dizem tanto...



www.tumbir.com













... que é tão difícil entender a poesia? Ela não pode ser um pássaro pousado no ar, porque alguém logo diria: “eis um pássaro voando no ar”, e qualquer frase cujo significado fique em exposição é apenas uma frase cujo sentido todas as pessoas podem compreender, porque sabem o que é um pássaro, um voo e o ar.

Mas se eu dissesse: “eis um pássaro pousando no ar”, isto é poesia porque escrevi uma frase que não existe por si mesma, é uma metamorfose constante, um metabolismo que exige criação e recriação sempre.

O ser pássaro exige um espaço (o ar) e uma esforço natural (o voo). O ser poeta exige apenas que o coração de um ser humano reconheça o que já conhece sob uma nova forma de conhecimento: a ausência de preceitos.

Sendo assim, a poesia não existe para ser entendida (até porque ela, por si, não é algo que existe), e sim para ser “vivenciada” (termo que denota temporalidade, ao contrário de “vivida”).

É preciso sempre um novo poeta para criar uma nova poesia, mesmo que este poeta seja sempre o mesmo fisicamente, e a poesia a mesma, metafisicamente.


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quarta-feira, 23 de março de 2016

Cemitério das águas











“eles”

A corrente de ferro
Começa no olhar
Dos empresários
Que acorrentam os olhos
De Deus

“nós”

E a cortina de fome
Dissolve-se ao luar
Dos cânticos deletérios

“eles”

Antes de mais nada,
Tudo começa por
Um simples pio
Oculto entre os dentes
Que mordem almas
Endemoniadas
Pela usura

“nós”

E entre as dentaduras
Que sorriem quando podem
Tentamos engolir
O que nos jogam
Como fartura
(fratura?)

“eles”

Com nossos impostos
Postos à venda
Entre “eles”
Pagarão suas multas
Enquanto outros rios
Apressam seu rumo
Em direção ao mar

“nós”

olhamos as águas
(artérias vivas da Terra)
descerem sobre nós
com a lama
da moral de todos “eles”
caindo na alma



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terça-feira, 22 de março de 2016

Se eu pudesse voltar... – IV










... não contaria mais segredos
meus medos
eu contaria nos dedos
jamais faltariam rimas
para qualquer arremedo
de esperança

fosse qual fosse
o desafio
um rio sempre
atravessava nosso caminho
nossas mães
sempre nos chamavam
de volta
ao que hoje entendo
o que é um
ninho

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segunda-feira, 21 de março de 2016

Se eu pudesse voltar... - III

"Crianças soltando pipa" - PORTINARI











... à minha rua
e pedir ao Luizinho
pra afinar o meu violão
enquanto “ouvia”
os quadros que o pai dele
(“Seu” Santiago”)
pintava

lá não havia lembranças
tudo recontinuava
dia a dia
sempre

lá mesmo
onde as nuvens
desenhavam ideias
diversas
sobre todas as coisas
que vivíamos

pipas
caíam quase perto
de nossos pulmões
ardentes

praças
gritavam sonhos
de todas as cores
fossem quais fossem
não só as cores
os amores também
os amores
talvez
e principalmente
os amores


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domingo, 20 de março de 2016

Se eu pudesse voltar... – II










... à minha rua
lá mesmo no bairro da Penha
subúrbio do Rio de Janeiro
“Fazenda do Alemão”
hoje, “Complexo...”
subindo em lombo de cavalo
feliz
por ter feito feliz
alguém animal como ele

lá mesmo
onde escalei a Igreja da Penha
de mãos livres
e o padre nos recebeu
com mais um sermão
acusando-nos de cabritos

lá mesmo
onde nosso time
o “Palmeirinha”
jogava pra valer
nos vários campos de futebol
que haviam na região
antes das casas
dos supermercados
e já tem até um shopping

lá mesmo
onde um dia eu pensei
que seria um craque
de futebol
15 anos antes do Romário
(Olário Atlético Clube)

lá onde
o arco-íris
fazia a curva
parecer uma reta

nossa geometria
era intuitiva
e infantil
não havia força
mais que humana
sobre nossas vidas
sobre outras vidas
que nem sabíamos
que, ao longe,
talvez no futuro
para alguns
talvez na eternidade
para os que já se foram


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sábado, 19 de março de 2016

Se eu pudesse voltar... - I










... à minha rua
lá mesmo onde nasci
lá mesmo onde me criei
ou me criaram

lá mesmo
onde vi as primeiras flores
dei e levei
as primeiras porradas
lá onde ouvi
o primeiro bem-te-vi
me recriminar

lá mesmo
onde Ataulfo Alves
recriou jogos de calçada
logos
do interior mineiro
na voz saudosa
de algum vizinho
distraído

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sexta-feira, 18 de março de 2016

Oração!













Que faça Deus de mim
Uma terra fértil
Porém distante de tudo

Distante
Enquanto fértil
Próxima
Quando germina
A paz entre os homens

Que faça Deus de mim
Um alaúde inteiro
Saúde de quem ainda
Pode cantar

Distante
Enquanto sutil
Próximo
Quando o concerto
Surge para corações humanos

Que faça Deus de mim
O que está fazendo
Há séculos

Faça de mim
Uma eterna finitude
Que se renova sem saudade
Contando nos dedos
Rolando nos dados
O que me faz ser assim

Ser o Ser que quer Deus
Fazer de mim
Vir-a-ser

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quinta-feira, 17 de março de 2016

O velho e o mar
















O velho sentado
Bem perto do mar
E longe de sua vida
Não vê nada demais
Apenas a estrada
Que ainda há
Para percorrer

Em muitas caminhos
Teve de pôr os pés
Outras pessoas
Amar
Dificuldades
superar

Ondas sonoras
Atravessaram seus ouvidos
Ondas de cores
Diversas
Difusas
Delinearam seu olhar

Ondas,
Muitas ondas
Percorreram em fúria
Suas vestes simples
Ou a pilhéria de alguns
Fez de suas ações
Tímidas manhãs

O velho
Pertence ao mar
Todo ser humano
Pertence ao mar
As ondas
Pertencem ao mar

Até as estrelas
Rejuvenescem ao se verem
Refletidas no mar 

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quarta-feira, 16 de março de 2016

O tempo não para













Sempre há no tempo
Uma espécie de trem
Desenfreado
Enquanto estivermos presos
Aos dormentes
Que sobre as pedras
Sustentam ideias
Dispersas
Uma a uma tentando
a fluidez da fumaça
que nunca chega
ao chão

Não há tempo algum
Se nenhum de nós
Trair seus próprios sonhos
(Como se sonhos
Pudessem ser traídos)

Toda traição
Arrasta os pobres coitados
À conquista de estribilhos
Que nunca serão cantados
De trabalhos
Que nunca serão realizados
A não ser quando
O tempo cala a boca
De cada um
O tempo silencia o olhar
Mais afoito
O tempo amordaça
A intenção de ser humano

Também não há
Que se dominar tempo algum

Somos nós o tempo
De quem não sabe do tempo
Apenas sobe e desce
Ladeiras de barro
Constrói barcos com
Ainda com madeiras
Sorri com os dentes abertos
Das clareiras

Somos nós o tempo
Com qualquer nome
Que queiramos dar
A ele

E, como numa ciranda,
Passamos o bastão
De mão em mão
Dando sequência aos momentos
Fazendo do que chamamos
Tempo
Um círculo eterno
Sem ponteiros
Sem ciclos lunares
Sem a menstruação do mar
Sem o ir e vir das estações
Sem as orações
Que mal imaginam
A quem desejam alcançar

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terça-feira, 15 de março de 2016

Coração solidário











Eu sou valente
Gente do tipo
Que corre junto
De quem precisa
Do abraço
De uma palavra
sincera

Dou meu bico
Para levar o alimento
Aliviar o sofrimento
De quem se perde
Em becos sem saída

Eu sou daqueles
Que não têm medo
De nada
Porque não vê segredo
Algum em ninguém

Eu sou valente
E levanto minha espada
Para jogá-la no fundo
De um rio
Que vai sendo levada
Para o mar
E não para muros
De lamentações

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segunda-feira, 14 de março de 2016

Homomni










Eu gosto das pessoas
Como elas são
Mesmo que, às vezes,
Suas vozes
Soem estranhas

Estou sempre
Junto dessas pessoas
Que andam pelas ruas
Sendo nuas suas almas
E coberta de flores
Suas feridas
abertas

Um precisa do outro
Mesmo que seja apenas
Por uma pena sagrada
Uma correria insana

Essas pessoas
De quem eu gosto
são pessoas como eu
espelhos de mim
não iguais
semelhantes
próximas do que sou
sendo o que são

domingo, 13 de março de 2016








Existe um silêncio (na essência de cada ser) que orbita até na aparente desarmonia do barulho. Tudo começa e acaba em nós. Se houver sincronia entre onde estamos dentro de nós e o ambiente físico onde nosso corpo está, tanto no barulho nossa alma dança, quanto no silêncio nosso corpo balança.

Quem fala mais: a voz do silêncio ou o movimento intenso de um som? A vida, por si mesma, não tem dicotomia. Está presente em mim, em ti, em nós. Ela é quem nos usa, não somos nós que fazemos uso dela. Só podemos destruí-la se, primeiro, nos destruirmos. A vida só existe porque temos consciência dela e é a perda dessa consciência que desintegrará a vida. É assim a vida de um homem (segundo Hegel, somos a consciência da Natureza).

A vida não age nem reage: segue de acordo com nossas ações. Ama conforme nossos corações. Sobrevive em nossas orações.

A vida somos nós e nós vamos viver bem ou mal na mesma proporção em que sentimos a vida. Está em nós, somos nós o silêncio, o som, o barulho.

No fundo, Dante Milano confirma isso de maneira bem realista: “Canto a vida / Não a que é vivida / Mas a que está perdida / A que é apenas sonhada”.

sábado, 12 de março de 2016

Visível oração 










Quem me vê
Assim tão quieto
Guardado dentro de
Qualquer objeto
Com tampa
Ou sem tampa

Quem me vê
Assim sentado
No meio fio
Com a cabeça caída
E o coração
Olhando
Para o infinito

Quem me vê
De olhos abertos
Mãos abertas
E com as pernas
Finas
Cortando o ar
As calças largas
Demais
As mãos
Pra lá e pra cá
Sem buscar nada
Demais
Os pés inquietos
Sem parar
De pisotear os chãos

Espero que
[este que me vê] saiba falar
Todas as línguas
Do planeta

Espero
Que tenha desatinos
Para que a razão
Habite
Seu lado insano
E os dois
Juntos
Dancem na lama
Na água
Uma canção limpa
Na língua

Espero
Que sorria sem fórmulas
Como sorriem
As próprias fórmulas
Que são abandonadas
Pelos matemáticos
Porque não provam
Nada
Nem comprovam

Espero
Ser um deles
Abrirmos as mãos
E admitir
Que Deus existe
Porque existe em nós
Esse ímã
incandescente

[inspirado no grupo musical APANHADOR SÓ]