O que sobrevive em
mim...
... não é a distância do passado
naquilo em que ele foi
de guerreiro
ou covarde
Não é a memória de minha música
naquilo em que construiu
de presente ou futuro
longe de harmonias
sem amparo
O tempo
pra mim pouco importa
Nenhuma porta
pode ser aberta
por nada que não seja
o que a alma deseja
tanto quanto Fernando Pessoa
não pensava duas vezes
(do contrário
não seria um poeta,
seria um homem comum
como os burocratas
durante trinta dias do mês
repetindo
as mesmas vozes)