sábado, 30 de abril de 2016

Ventre













Parece que te ouço agora
Pela voz da mulher
Que tu chamas de “mãe”

Parece que hoje a aurora
Amanheceu querendo
Cantar tudo
que todo canto tem

E todo canto tem um verso
Esse verso tem encanto
O encanto é o movimento
Da língua sem espanto

E todo canto tem lamento
Alguma forma que sinto
Entre o chão e o firmamento
Entre o som e o vento


sexta-feira, 29 de abril de 2016

Por que...













... meu coração
já não consegue mais
te ver por aqui
onde havia tanta devoção

Por que minha oração
Já não pede tanto
Por você
Onde havia tanta paixão

Muitas vezes
O pouco que se faz
É o necessário
Para se viver
Feliz
E em paz


editora ano 1
Tem uma mesa na Biblioteca Parque Estadual (RJ) esperando por nós.
Vamos conversar sobre poesia e/ou editar seu livro.

(21) 99682 8364  -  joaodeabreu9@gmail.com

quinta-feira, 28 de abril de 2016

À mãe das mães











Hoje
A Maior das mães do mundo
A Mãe das mães
A Mãe que gerou todas as outras mães
Aquela cujos seios alimentam
O mais árido dos desertos
E tira do mar para umedecer o céu
A água de Seu ventre eterno...

Hoje
Aquela que rumina nos pastos
Com os animais livres das mãos dos homens
A Mãe que só chora
Para irrigar as plantações
De Seus filhos
A Mãe que é mãe de si mesma
Enquanto milhões de mães sentem
Seu carinho
E repassam para Seus filhos...

Hoje
É o dia em que essa Mãe persiste
E ainda tenta amar Seus filhos
Embora Sua fúria
Já Se mantenha entre nós
Como um aviso carinhoso
Porém determinante...

A Mãe das mães está em nós
Tanto quanto em nossas mãos
E Se oferece como um filete de água
Ou como uma gota de veneno;
E ainda nos dá a oportunidade
De fazer uso de um ou de outro
Como acharmos melhor.

Como toda mãe Ela nos espelha
Como toda mãe Ela nos ama
Como toda mãe é fundamental
E nunca poderemos viver sem ela,
Nem em nossas lembranças
Se nosso presente for assim
Triste herança do passado.

Mas, por enquanto,
Ela ainda nos oferece o futuro,
Suas mãos ainda estão abertas
E Seu olhar diurno e noturno
Ainda nos abriga.


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Silêncio











– O que eu faço com esse silêncio?

– Que silêncio?
Esse que você acabou de quebrar?!

– ?

– Não se esqueça:
“Silêncio não se quebra!”

Após o sinal de interrogação
Permanecer de um lado
E o de interjeição
Insistir do outro...

– Mas antes de eu falar
havia um silêncio,
pelo menos era o que eu ouvia!

– Se você ouvia,
como não poderia haver ruídos,
mesmo dentro de você?

Enfim, o ponto de interrogação
Deu lugar à interjeição,
E vice-versa...


quarta-feira, 27 de abril de 2016

Soneto da credulidade












Eu creio em tuas mãos que me aquecem
Através dos olhos que nunca falam de saudade
Nas ilusões verdadeiras que nunca me esquecem
Através dos sonhos que traduzem a realidade

Eu creio nas orações que rejuvenescem
Através dos espelhos que nos falam de outra idade
Nos pujas consagrados que nos renascem
Nas comunicações entre o Aqui e a Eternidade

Nas recordações do que ainda não é passado
Está apenas passando
Porque tudo que existe tem de passar

Naquelas emoções que nos trazem o futuro
Estamos apenas vivendo
Porque tudo que existe flutua no ar


terça-feira, 26 de abril de 2016

Almas
Um poema para Suely Costa, Cacaso, Tite Lemos, Abel Silva et alii...













Homem

Há uma alma em mim
Que escreve
Como quem caminha
Entre pedras
E das pedras faz
Seu caminho de paz
Mesmo entre feridas

Poeta

Há outra (alma) em mim
Que escreve
Como quem caminha
Quando olha
E a ventania diz
O que não diz minha voz
Quando parece perdida

Místico

A terceira alma em mim
Que se escreve
Como quem caminha
Entre sonhos
E dos sonhos mói
O trigo
(Que tanto dói)

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Oração de São Jorge





https://soundcloud.com/jo-o-de-abreu/track-01







Oh, São Jorge, meu santo guerreiro
Invencível na fé em Deus
Que trazeis em vosso rosto
A esperança e a confiança
Abre os caminhos meus
Eu andarei vestido e armado
Com vossas armas
Para que meus inimigos
Tendo pés não me alcancem
Tendo mãos nunca me peguem
Tendo olhos não me enxerguem
E nem pensamentos
Possam ter para me fazer mal
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão
Facas e lanças quebrarão
Sem o meu corpo chegar
Cordas e correntes se arrebentarão
Sem o meu corpo amarrar
Glorioso São Jorge, em nome de Deus,
Estendei vosso escudo
E vossas poderosas armas,
Defendendo-me com vossa força e grandeza
Ajudai-me a superar todo desânimo
E alcançar a graça que vos peço
Dai-me coragem e esperança
Fortalecei minha fé
E auxiliai-me nessa necessidade


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domingo, 24 de abril de 2016

Bêbados equilibristas










Eu sou um dos equilibristas
Que se encostam
Num balcão qualquer
E ficam pensando
Sobre a harmonia
Entre o escuro e a luz

A “luz” está aqui
Diante de mim
Repousando seu corpo
Cansado
Sobre minha
Ilusão
De que o mundo
Está girando
Em torno de mim

(Pior aquele bêbado
segurando-se em um poste
e dizendo:
“Se a Terra gira,
então vou esperar
minha casa
passar por aqui!”)


sábado, 23 de abril de 2016

Olhar












Existem olhos
Que procuram paisagens
Ao redor

Outros olhos
Procuram em cima
Olhando nuvens
Refletindo vazios azuis
Que em si
Preenchem qualquer olhar

Existem olhos
Que procuram paisagens
Sem dor

Outros olhos
Procuram sempre
O que há de pior por aí
Gostam de sofrer
O que talvez
Lhe ensinaram
A sofrer
Enquanto aprendiam
A viver

Existem olhos

Que expressam-se
como janelas
semeando
em suas retinas
cenas interiores
sinapses
em câmera lenta
luz


sexta-feira, 22 de abril de 2016

Urbanidade: silêncio e solidão












Quando fechamos
A porta
O mundo fica
Lá fora
E outro mundo
Se abre diante de nós
O silêncio

Não o silêncio em si
O silêncio da alma

A televisão é ligada
O rádio é ligado
O dvd é ligado
O computador é ligado

E eis o silêncio
na alma

Não o silêncio inócuo
Dos ruídos
Da cidade grande

Não o silêncio
Sem cio
Do sexo vadio
Que grita
Impropriamente
Aos céus
O que nem na terra
Poderá ouvir

Eis o silêncio
na alma

Após a porta fechada
O silêncio da sala
Mancha as caras
E os corações

Lá fora
Depois da porta
Aberta
O silêncio
É uma espécie
De som
Que ninguém ouve
Nunca mais irá ouvir
Mas as montanhas
e os arvoredos
sentirão

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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Visível oração - II












Espero que
[quem me vê] saiba falar
Todas as línguas
Do planeta

Espero
Que tenha desatinos
Para que a razão
Habite
Seu lado de luz
E os dois
Juntos
Dancem na lama
Na água
Uma canção limpa
Na língua

Espero
Que sorria sem fórmulas
Como sorriem
As próprias fórmulas
Que são abandonadas
Pelos matemáticos
Porque não provam
Nada
Nem comprovam

Espero
Ser um deles
Abrir as mãos
E admitir
Que Deus existe
Porque existe em nós
Esse ímã
incandescente

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quarta-feira, 20 de abril de 2016

Visível oração - I












Quem me vê
Assim tão quieto
Guardado dentro de
Qualquer objeto
Com tampa
Ou sem tampa

Quem me vê
Assim sentado
No meio fio
Com a cabeça caída
E o coração
Olhando
Para o infinito

Quem me vê
De olhos abertos
Mãos abertas
E com as pernas
Finas
Cortando o ar

As calças largas
Demais
As mãos
Pra lá e pra cá
Sem buscar nada
Demais
Os pés inquietos
Sem parar
De pisotear os chãos

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terça-feira, 19 de abril de 2016

Samba desconexo











De um pingo
Eu faço uma tempestade
De um bingo
A conquista do mundo
Um domingo
Para mim é tudo e mais
A luz de um chamego
É o escuro
Do que se entrega
De olhos úteis
E fechados

De um susto
O espanto de tudo
De um pasto
O terreno imundo
Um passeio
Para mim é um close
No horizonte
Faço de mim,
Quase mudo,
O silêncio profundo
Do fim.


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segunda-feira, 18 de abril de 2016

Mendiga língua












Não posso abandonar
A mim mesma

Não posso deixar palavras
Criadas há milhares de anos
Devorarem a si mesmas
Quando a História
Reclama, exclama, inflama
Novas memórias

Não posso abandonar
A mim mesma

Não posso deixar significados
Morrerem aos meus pés
O movimento dos lábios
(mesmo em um beijo efêmero)
nunca se perderá
da eternidade
do que falam a carne
os ossos
a família orgânica
de tudo que procuramos
expressar

Não posso abandonar
A mim mesmo

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domingo, 17 de abril de 2016

A bunda










Por que a bunda de uma mulher
É tão atrativa
Do que qualquer poema
Seja de Vinícius ou de Neruda?

Por que sou tão brasileiro assim
E vejo numa bunda
Mais do que floresce
No ar
O pólen do que vai à frente
Um dia frutificar?

Por quê?


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sábado, 16 de abril de 2016

Alteridades












Quando eu minto
Sempre olho para os lados
Quando eu penso
Sempre olho para baixo
Quando eu digo a verdade
Sempre olho para cima

Para dentro
Nunca sou eu quem
Mente, pensa ou fala

“Dentro”
é um mundo
onde não há público
nem aplausos

“Dentro”
é um centro
de possibilidades
entre o sucesso
e o fracasso

“Dentro”
é um movimento
e eu sou
movimento


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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Rumor da natureza











Não sou de dar tiro
Nem tenho revolver
Mas os trovões
Quando aparecem
São preces
Que me acodem
Quando alguém
Consegue me fazer
Chorar

Não sou de morrer de raiva
Mas um relâmpago
Com toda a sua luz
Nervosa
Chama-me a atenção
Pela sua tez tensa
E justa

Não sou de chorar muito
Também
Quando chove
Torrencialmente
Sorrio porque ela
Me acode
Por tantas lágrimas
Contidas
E tantas águas
Não suadas

E o vento?
Não invento novos olhos
Para ninguém

Principalmente
Olhos tristes ou úmidos
Nem sujo o corpo
Das pessoas
De rancor, mágoa
Ou ressentimentos
Mas o vento cuida
De lançar-se
Furiosamente
E, não querendo o mal
De ninguém,
Também não faz carícias
Àqueles que roubam
O que há de melhor
Das pessoas boas
De bem.

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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Mudo, úmido e miúdo










Amiúde
Guardo esse silêncio
Em minha pele morena
E deixo a canção
Falar por si mesma
Em qualquer
Outra pele

Silencio
Sem me deitar
Em berços ou túmulos
Apenas deito
E deixo o silêncio
Acalmar-se

Assim
O cio do céu
Ao redor da Terra
Assemelha-se
Ao meu olhar agudo
Ao redor de mim
Orgulho de ser uma
qualquer coisa
qualquer

Sonhamos
Em estado de vigília
Para escrever
A palavra benigna
Que irá fertilizar
Ígneo
A terra onde piso

Minha palavra
É o silêncio
Onde tudo grita
Em calma
Com a alma do mundo
Em si

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quarta-feira, 13 de abril de 2016

O homem útil...











... naturaliza-se
Pelo grau de oxigênio
De sua respiração

Homens existem
Que, por si só
E sozinhos,
Nutrem-se do ar
Que habita
Tanto os seus olhos
Quanto
o seu olhar

A palavra vento
Por exemplo
Assobia por sua língua
Amplo
Um canto nem alegre,
Nem triste,
Mas distante
Um assobio de ogre
Ou um pio
De compadre
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terça-feira, 12 de abril de 2016

Diluviano









Minha geração
Vai morrendo aos poucos
Como aos poucos
Morrem todas as gerações

Ao morrer
Lembramos do que já
Não existe mais
Sob o ângulo
Do que deixamos
Para trás

O futuro renova
As esperanças
Quando novos amigos
Aparecem
Em nosso caminho
Mesmo idosos
Mas não velhos
Mesmo medrosos
Mas sem medo
De seus espelhos


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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Quando a gente morre...













Quando a gente
Se esconde
Atrás de um muro
Ou de um poste
Ou mesmo
Atrás de uma outra pessoa

Algo nos delata
É a nossa sombra
Caso seja a luz do dia
Caso seja a luz da noite
Vadia
De um corpo
Que se faz de ilusão
Embora a realidade
Seja sempre clara
Em suas intenções

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domingo, 10 de abril de 2016

Planeta de livros
















Um livro sob a luz de velas
Relampeja vocábulos
Harpeja instintos
Veleja distâncias

As palavras acomodam-se
À moda antiga
Como quando sorria
Cada página
Para o olhar de quem
Soletrava imagens

A imaginação
(vertente da ação de viver)
rompia cada elo
desnecessário
e acendia um novo dia
a cada página virada

Nem livro
Nem homem que lê
Separam-se
Por qualquer outra coisa

Aquele que vê
E o que é visto
Assemelham-se à cor
Em nossos olhos
Ao amor
Em nossos corações
À flor
Em cada amanhecer

Luz de velas
Iluminam mais que o sol
Livros ensinam
Mais que o professor
Leitores aprendem
Mais que a Terra

A luz vem
Livros também
E a Terra
idem

                                                           editora ano 1
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