Em que me fragmento...
... quando meu sonho
é a própria pedra
do caminho?
do caminho?
Se há espelho
no chão
e meus olhos
deixam rastros?
Nestes momentos
sou eu um lúcido idiota
chão de estrelas
pão de pétalas
Um poeta muito embora
perdido
(do contrário,
não seria eu este avesso
do que chamam caos)
Sou aquele que esculpe
e se perde
nas curvas da descoberta
em colheita
de silêncio e oração.
de silêncio e oração.
Em que chuva ou vento
ou sol ou pranto
me tornei vão?
Por que não são todos
o cinzel tolo
de carne e osso mudo?
de carne e osso mudo?
Poema órfão de pedra
que a si mesmo destruiu
faço-me meu
como a sombra
confirma a iluminação?
faço-me meu
como a sombra
confirma a iluminação?
A partir desse instante
do tornar-se humano
não por instinto
mas por uma necessária reflexão,
o que me paralisa em pedra?
o que me paralisa em pedra?
A partir do espelho
em que meu olhar se condena
por não ter a alma de pano
e nem recusar-se à rima
que em mim se deita
e de mim se serve...
sendo eu mesmo
o estrado, o colchão,
e a cama,
e a cama,
por que meu pensamento
não se acalma?